25 janeiro 2018

Em Chamas


Estava chovendo.
Minha mãe andava apressada para chegar em casa depois do expediente.
Meu pai estava preso no transito e estressado por ter muita coisa para estudar pra prova do dia seguinte.
Meus pais se conheceram numa esquina.
Minha mãe estava a pé saindo do trabalho e meu pai estava saindo da faculdade.
Meu pai ofereceu carona.
Eles se conheceram, se entenderam e se apaixonaram.
Ele apresentou a música clássica a minha mãe. Que passou a amar.
Meus pais se encontravam na sala de estar da minha avó. Meu pai tocava piano para ela. 
Ele a levou para um restaurante chique que abriu em uma esquina.
Não era uma esquina qualquer. Coincidentemente era a esquina em que eles se viram pela primeira vez. 
Ele a pediu em casamento lá. Exatamente 2 anos depois.
Meu pai se formou, passou em um concurso público.Cresceu no cargo e foi promovido para outra cidade. 
Minha mãe engravidou.
Ela colocava música clássica dos meus atuais compositores favoritos para eu ouvir.
9 meses depois, no dia 31 de agosto de 1999 eu nasci.
Cresci como uma criança qualquer.
Era extremamente extrovertida e adiantada.
Com 6 anos toquei piano pela primeira vez. 
Entrei no mundo do romantismo e lá fiquei. Até o dia de hoje.
Meu pai foi promovido de novo. Mudamos de cidade de novo.
Sempre gostei de ler e estudar.
Com 16 anos estava na faculdade.
Fui para uma festa. 
Bebi. 
E finalmente, te vi.
Você também me viu. 
Nos conhecemos, nos entendemos, nos apaixonamos.
Uma árvore nasceu naquele exato lugar, onde comemorávamos todos os anos nosso amor.
Eu apresentei música clássica para você e todos os finais de semana você vinha em minha casa para me ouvir tocar.
Fomos a uma festa.
Bebemos.
E finalmente, te vi.
Você, entretanto não me viu, pois estava com os olhos fechados, amando outro alguém.

Maldito seja o dia em que meus pais se conheceram. Maldito seja a chuva que o universo chorou. Graças a ela eu estou aqui. Desolada. Rezando em prantos para que não apague o meu ódio.

Maldito seja o dia que meu pai apresentou a música clássica a minha mãe e que me colocou na frente do piano pela primeira vez. Graças a ele eu sempre acreditei num amor de contos de fadas. Graças a ele sempre sonhei e compartilhei meus sonhos com você.

Maldito o dia em que te conheci. Graças a ele estou aqui, na frente do meu piano, vendo ele em chamas, prestes a sumir.

Matei meu unico amor verdadeiro. Me matei por inteira por dentro.

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