06 abril 2016

PARADOXO GENÉTICO




Mal sabia a princesa que estava seguindo com o legado da ex-rainha
A avó, já cansada, tinha os mesmos sonhos da menina, porém aqueles não cumpridos
Às vezes, a garota mal percebia porque maînha a apoiava tanto
Mal sabia esta que a velha estava espelhando sua expectativas pessoais no seus genes fora de si, na prole da prole. Na princesa da família: na sua querida e única netinha.

A avó, quando criança tinha apenas um sonho. Ajudar os outros.
Tinha capacidade para isto. Sempre foi a mais inteligente de seus amigos. Infelizmente, seu pai nunca a permitiu que entrasse na faculdade, apesar das notas de excelência. 
Seu pai falava que medicina era para homens. Machos fortes que conseguiriam melhorar o mundo. 
Pobre velho... Mente tão fechada. Sociedade tão patriarcal...
A filha, como era fiel ao pai, abriu mão de seus ideais por um ideal ultrapassado do seu velho. 
Foi fazer pedagogia. Criar futuros médicos, já que ela o não poderia ser.

Anos depois, depois de dar aula para os próprios filhos, conversa com sua neta. Em uma conversa informal recebe a bomba de que ela quer cursar medicina.
Uma luta tão grande, mas sabia do potencial da garota. 
O mundo ainda agradeceria muito por esta escolha.
Uma ação contraditória então aconteceu: escorreu-lhe uma lágrima enquanto um sorriso no rosto lhe apareceu.
A menina, ainda tão jovem, não entendeu tal atitude. 
Achou que era orgulho, talvez pena por todos os desafios que viria a enfrentar. 
Aquela cena, foi para a garota, uma das mais marcantes de sua vida. E a guardou para sempre. 

Vovó partiu antes de ver a neta realizar seu sonho. O sonho dela e o seu próprio. 
Anos mais tarde, já médica a garota conversava com seu pai. Relembrava os momentos que passaram com a rainha do céu. 
A médica fala para o pai do momento que carrega desde que aconteceu. A ação contraditória da avó.
O pai, fazendo a mesma expressão serena, com uma mistura de felicidade e talvez saudade, sorri enquanto uma lágrima silenciosa percorre suas maçãs rosadas: 

Você é tudo que sua avó queria ser. Médica.
Além do mesmo nome, vocês têm o mesmo dom, o mesmo bom coração; por isso que toda vez que te vejo, me lembro da minha pobre mãe. Tão talentosa, igual a você.

Finalmente entendera o paradoxo da vida: aquela suave expressão dos sentimentos mais puros que a seguia para toda a vida. Agora poderia viver em paz. 
Uma lágrima me escorreu enquanto um sorriso me apareceu.


Um comentário:

  1. Que lindo.
    É tão horrível essa ideia de definir profissões com base no sexo, todo mundo devia fazer aquilo que gosto independetemente se a profissão for dominada por um sexo.
    beijos
    lolamantovani.blogspot.com.br

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